quarta-feira, 24 de junho de 2009

Perca o medo de dirigir





Pré-requisitos para perder o medo de dirigir

Sem conhecimento técnico do veículo e autoconhecimento fica difícil sair do lugar

Texto: Andréia Jodorovi

Fotos: sxc.hu

(24-06-09) – Na etapa prática do desafio Coragem de dirigir, percebi que há dois pré-requisitos inerentes a quem quer perder o medo de guiar. Um, o conhecimento técnico do veículo. Outro, o autoconhecimento. O primeiro, um bom instrutor de autoescola e horas de treino resolvem. O segundo... bem, o segundo é um percurso mais longo e tortuoso, mas que é preciso encarar.

Em um país que privilegia o automóvel (embora a Legislação de Trânsito diga o contrário), como pedestres somos quase invisíveis. Agindo ou não segundo as normas, podemos passar incrivelmente despercebidos pela maioria dos motoristas. Para dirigir, entretanto, não é possível fugir do fato de existir, de ocupar um lugar e se responsabilizar por ele. Portanto, é preciso dar-se conta da própria existência e aceitá-la como algo legítimo.

O insight me ocorreu ao ser convidada a guiar, pela primeira vez na vida, em uma avenida movimentada. “Você não precisa ir, se não quiser”, disse-me Jonas, meu instrutor, diante de meu olhar fóbico. “Mas se quiser tentar, eu estarei aqui com você e tenho condições de ajudá-la no quer for preciso. Vamos?”

Vou?

De repente, eu teria de ser. E mais larga, e mais comprida, do tamanho de um Gol. O instrutor me deu as coordenadas: “Na avenida há três faixas largas. A da direta, mais larga do que as outras. É proibido estacionar nela, por isso você pode seguir tranquilamente”. Tem ponto de ônibus? “Tem”. Os ônibus param? “Sim”. E se pararem na minha frente? “Pise de leve no freio, depois na embreagem”.

Acelerei (estava em uma subida um pouco íngreme) até o cruzamento, imaginando se conseguiria ter controle dos pedais para, quando não viesse nenhum veículo, parar-sair-virar-à-direita-acelerar-engatar-segunda. Do lado de lá vinha um ônibus, que parou para eu passar. Parou? Parou em plena avenida para me deixar – carro de autoescola – passar. Eu não esperava por aquela gentileza. Fiquei gelada. Agora, não tinha escolha.

No livro Dirigir sem medo (editora Casa do Psicólogo), Cecília Cristina de Oliveira Bellina afirma que “enfrentar o trânsito real gera, nos fóbicos de volante, uma série de preocupações. Estar exposto à observação e crítica dos outros é uma situação que incomoda muitas pessoas. Além disso, parte dos motoristas e pedestres que nas ruas sente-se no direito de avaliar e julgar a atuação dos outros, sendo estes novatos ou experimentes no volante”.

Sou fóbica. Tive quatro pensamentos no tempo de um: 1. em agradecimento ao motorista do ônibus, eu preciso conseguir (gentilezas são tão raras que quando acontecem emocionam a gente até as lágrimas); 2. se eu não conseguir, o trânsito irá parar; 3. se parar serei alvo de chacotas e xingamentos; 4. se virar alvo, não tentarei nunca mais.

Depois de respirar lenta e profundamente, fui. Ocorreu, então, na realidade o único pensamento que não passou por minha cabeça: eu consegui. Para alívio geral de todos os envolvidos, o carro não morreu; eu sobrevivi.

Talvez tenha sido pura sorte. Da próxima vez, talvez não seja assim. Sorte de principiante. O carro poderá descer e bater no de trás, poderei acelerar demais e bater o carro. Poderei atropelar alguém. Posso... Será que posso ter TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo)? Ele é um empilho e tanto para quem quer dirigir. Mas isso você vai descobrir na próxima semana.

Um abraço e até lá.


Apoio: Clínica Escola Cecília Bellina: www.ceciliabellina.com.br

Fonte: http://www.webmotors.com.br

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